I. Lá vem textinho
Já faz muito tempo que eu gasto tempo pensando no retorno da minha newsletter sobre comida. A verdade é que eu amo comer e desde sempre sonho em me tornar a próxima Patrícia Ferraz (a.k.a a colunista do suplemento Paladar, do jornal Estadão). Para piorar minha situação, eu sou fã inveterada de Julia Child e, talvez mais ainda, de todos os filmes e séries que já fizeram sobre essa mulher esquisita que traduziu o poder da manteiga para norte-americanos ultraprocessados.
No fundo, eu sou apaixonada por comida. Eu amo ler, ouvir e assistir sobre o ato de comer e cozinhar. E quando eu não to morta de preguiça, gosto também de me aventurar pela cozinha (o centro da minha casa). Eu adoro bater um bolo, fazer pão do zero e amassar farinha e ovo até formar uma bolota amarelinha que se transforma em capeletti e talharim.
Sair pra comer é, na minha opinião, um entretenimento à parte. Queria ter dinheiro infinito para convidar todas as minhas amigas pra engolirem São Paulo comigo. Não à toa, um dos meus passatempos prediletos é trocar dicas de onde e o que comer na cidade. Na minha cartografia paulistana afetiva tenho mapeados lugares que volto sempre, que já fui e aqueles que tô doida pra conhecer. Quero dividir todos eles com vocês, receber novas indicações e juntar mais gente ao redor da mesa.
Pra isso, escolhi retomar o projeto da newsletter. Sim, eu sou uma super consumidora de newsletters e até fiz um mini-curso sobre o assunto com uma das autoras que eu leio aqui no Substack, a Gaía Passarelli do “Tá todo mundo tentando". Eu também adoro receber na caixa de e-mail a "Queria ser grande, mas desisti” da Bárbara, os textos da Clara do "Só quem é clarividente pode ver” e a newsletter de receitas da Lena Mattar. Adoro essa troca quase anônima e ao mesmo tempo super íntima, me inspiro em cada uma delas para criar coragem.
Pra quem não sabe, o meu projeto “na hora do almoço” surgiu no final de 2019 com 79 subscribers da tinyletter e uma página de instagram que nunca foi pra frente. Enviei duas cartinhas e depois, tal qual uma boa escorpiana com ascendente em áries, desisti. Dessa vez, prometo me empenhar mais e manter a regularidade.
Tomei a liberdade de reeinscrever nessa nova plataforma todas as minhas e meus antigos leitores (talvez isso não seja uma boa prática de proteção de dados, desculpa). Então, caso você não queira mais receber meus e-mails, basta se descadastrar clicando no unsubscribe que fica no rodapé da página. Prometo que é fácil e indolor. Agora se você gostar, indica pra mais gente e me ajude a realizar o sonho de me tornar a próxima Patrícia Ferraz versão estagiária independente.
Enfim, talvez seja o retorno de Saturno chegando, talvez seja o fato de que pedi demissão na semana passada e agora to com tempo pra respirar. A verdade é que decidi seguir o conselho de Rainer Maria Rilke:
Deixe que tudo aconteça com você:
a beleza e o terror.
Apenas prossiga
II. Um palpite a qualquer hora
Pra essa primeira edição de setembro, decidi por a culpa no frio prolongado e fazer uma lista de 04 ramens/lamens maravilhosos em São Paulo. Aquecer é preciso!
#01: Tudo e qualquer coisa do Tonkotsu Barikote RAMEN MARU
Esse é sem dúvida um dos meus lugares preferidos desde 2019. Na época que abriu, o meu namorado morava há 100 metros do restaurante e de um jeito meio bobo sinto que descobrimos o lugar “before it was cool”. Hoje, eles já ficaram famosos (e merecem mesmo todo reconhecimento) então chegue cedo ou vá preparado para pegar fila, pois são apenas 08 lugares bastante disputados. Faça o seu pedido na máquina que fica na porta, você clica nos botões que indicam as opções escolhidas e paga ali mesmo. A nota fiscal vem com o resumo do pedido que é conferido pelo atendente antes de sentar no balcão.
Na minha opinião, as melhores pedidas são: a porção de guyouza grelhado (R$ 30,00) que vem com uma casquinha crocante que derrete na boca, o karepan (R$18,00) que é um bolinho frito de carne temperado com curry e legumes e, se tiver estômago, o domburi da semana, um bowl com arroz japonês e um acompanhamento que é sempre uma boa surpresa (o preço varia).
Os ramens são todos deliciosos e se você nunca foi lá, peça o tradicional (R$46). O caldo é a base de porco temperado com shoyu e vem acompanhado de ovo marinado, panceta, cogumelos, gengibre e cebolinha. A única parte ruim é que lá nada é vegetariano ou vegano. Ah e acompanhe o restaurante nas redes socias, pois todo ano eles fazem uma competição: o KAEDAMA COMPETITION em que os clientes brigam pra descobrir quem consegue comer mais macarrão extras em 20 minutos, parece louco e é.
O Ramen Maru fica na Rua José Maria Lisboa, 118, Jardim Paulista.
#02: O que tiver no Shindo Lamen (esse tem sempre opção vegana!)
Essa dica veio da minha amiga Paloma. E depois que ela me indicou, meu celular começou a me bombardear com vários vídeos e notícias recomendando o MESMO lugar. A verdade é que tá rolando um hype em torno do Shindo e decidi ir correndo conhecer.
O dono do restaurante se chama Michihiko Shindo e é ele quem prepara tudo num cubículo dentro de uma galeria no bairro da Liberdade. Para saber que dias e o que ele vai servir só acompanhando pelo instagram @brazilamen. Normalmente são três dias (sábado, domingo e segunda) de funcionamento, sendo oferecidos um sabor carnívoro e um vegano. Para comer lá é preciso chegar com bastante antecedência, porque ele só prepara 40 pratos por serviço e distribui as senhas antes de abrir (às 12h ou às 18h). Fui na segunda-feira, cheguei às 17:30 e peguei as senhas 29 e 30 do dia. Além disso, ele só aceita o pagamento antecipado em dinheiro.
Por R$50 reais comi o “Camarão Lamen”, um prato com caldo espesso de camarão, daqueles que são feitos lentamente. Além do caldo, o prato veio com dois pedaços de carne de porco, macarrão, cebolinha, tomatinhos e cebola roxa. Confesso que senti falta de um ovinho marinado e talvez outros acompanhamentos como nori (alga) e cogumelos.
De toda forma, me surpreendi positivamente com o sabor da comida. Dá pra sentir que tudo é preparado com esmero pelo chefe, que fala pouco português e toca uma campainha para avisar que a comida ficou pronta. Da próxima vez certamente pedirei o vegano. Vale a pena se programar pra conhecer.
O Shindo Lamen fica na Rua Barão de Iguape, 158, Liberdade.
#03: O Kara Miso do Tamashii
Ano passado, fui no Tamashii com minhas amigas e adorei. O restaurante é pequeno e lembra um pouco a estrutura do Jojo (um dos meus favoritos, mas já bem conhecido em SP), com mesas simples de madeira e atendentes que cumprimentam com Irashaimase a cada novo cliente que entra na casa. O Tamashii fica numa rua badalada em Pinheiros e, talvez por isso, eu tenha me surpreendido com o preço que considerei justo pela qualidade e quantidade de comida.
Como eu adoro ramen apimentado, eu pedi o HABANERO KARA MISO RAMEN (R$54,00). O caldo é bem vermelho e vem com um ovo poché, um bolota de carne suína moída, legumes, milho, cebolinha e nori. Um prato totalmente aconchegante. Ah, e você pode escolher o nível de pimenta do caldo. Como era a minha primeira visita, escolhi o “fraco” e achei perfeito (talvez da próxima eu peça o nível “médio” para comparar). O noodle é fresquinho e dava pra sentir que foi feito na casa. Outro ponto positivo é que o restaurante também tem uma versão de ramen vegetariano no cardápio. Uma ótima experiência que me fez querer voltar.
O Tamashii fica na Rua Mourato Coelho, 53, Pinheiros. E aceita vale refeição!
#04: O lamen abrasileirado do Cuia
Se você está procurando um prato diferentão, num lugar descolado e gostosinho para um date ou só pra ser feliz, recomendo experimentar o lámen abrasileirado do Cuia, restaurante da chefe Bel Coelho. O lugar fica no edifício Copan e divide espaço com uma livraria, a Megafauna, o que por si só já eleva o nível e o preço das coisas rs. Acho que essa é a opção mais cara de todas as quatro e a menos tradicional delas. Mas é igualmente deliciosa, bem servida e acho que vale a pena dar uma chance.
O lámen do Cuia (R$66,00) é feito com um caldo bastante espesso e apimentado de curry, vem farto de cogumelos, algumas fatias de barriga de porco, umas castanhas de caju que dão uma crocância super interessante e ervas refrescantes. É um prato quase agridoce e que abraça. O noodle é delicioso, bem fácil de comer. Eles também podem fazer o prato na versão vegetariana, como indica o cardápio.
O Cuia fica Edifício Copan (sem número - na frente do Copanzinho Bar).
III. Receitas que amei e outras dicas
A nova temporada de Chef's Table sobre pizza
Achar o beco com saída
A história de Stella do Patrocínio
A receita de Bibimbap na assadeira do Eric Kim (em inglês)
E uma enquete…
Se você chegou até aqui, me ajude a escolher o tema da próxima newsletter votando na enquete!
Adorei as dicas, Lu!! Continue!! Bjs
Adorei a indicação do filme junto com as comidas !!!!